

Sabia que:
Em 20 anos de operação, os comboios da Fertagus percorreram o equivalente a 60 viagens em torno da terra? E que durante estes anos transportaram mais de 416 milhões de passageiros?
Depois de ultrapassados vários desafios ao longo dos primeiros vinte anos de operação, eis que se colocou um desafio maior, nomeadamente, no domínio da gestão/manutenção da frota de 18 UQE 3500 que asseguram o serviço comercial da Fertagus, com a operacionalização de mais uma revisão geral denominada de R2M.
A grandeza deste empreendimento e o desafio que lhe subjaz, resultam, não só da complexidade das operações de manutenção e sua consistência, mas também, de uma importante componente de modernização, resultado da obsolescência de alguns equipamentos e descontinuidade de recursos para a sua manutibilidade. A esta circunstância acresce o facto de esta operação decorrer num contexto económico bastante difícil, suscitado pela pandemia do coronavírus (SARS-CoV-2) em 2020, e agravado no início de 2022 pela eclosão da guerra na europa, dificultando bastante as trocas comerciais e originando escassez de recursos matérias/equipamentos, a diferentes níveis e com impacto nas nossas atividades e sua calendarização.
A intervenção que designamos por R2M e que justifica um pequeno enquadramento, integra um ciclo de revisões gerais a que este parque de material está submetido. De forma sumária podemos caracterizá-lo por um primeiro nível de intervenções (R3), a ocorrer a cada 600 000/km, um segundo nível (R2), a ocorrer a cada 1 200 000/km, fechando-se o ciclo com a terceira intervenção (R1), a executar entre os 15 e os 20 anos, sensivelmente, sendo esta também conhecida como a intervenção de “meia-idade”, considerando o habitual ciclo de vida deste material.
Ora a Fertagus concluiu em 2019 o conjunto de intervenções de R1, no âmbito do primeiro ciclo de grandes revisões, e iniciou em 2020 a execução do 2º ciclo, consubstanciada na realização desta revisão designada por R2M que, além de integrar as operações de R3, que já vimos, ocorre de 600 000 em 600 000 Km, tem também uma importante dimensão de modernização, daí o “M” que complementa a sigla R2.
Ainda na definição das premissas que sustentam a realização desta Revisão Geral, foram levadas em conta importantes questões como:
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Descontinuidade tecnológica;
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Reposição do tempo de vida útil dos equipamentos;
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Análise da fiabilidade dos equipamentos;
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As reclamações dos clientes e a manutenção dos índices de qualidade do “serviço comercial”
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A experiência adquirida em 20 anos de Manutenção das 18 UQE-3500/2P.
De forma sumária, relevamos o quadro operacional em que tem incidido esta intervenção R2M, com destaque para todas as componentes com papel relevante na segurança do comboio como sejam, bogies, eixos e rodados, todos os componentes de freio, bem como, todos os componentes de tração e choque.
Complementarmente, a obsolescência de alguns equipamentos e componentes determinou a intervenção sobre alguns Sistemas/equipamentos, como sejam o sistema de comunicações embarcado (RSC), componentes do controlo automático de velocidade (CONVEL) e o sistema AGATE LINK – Sistema Centralizado de Informação e Ajuda á Condução, entre outros.
Neste processo gostaríamos ainda de destacar o exigente quadro das atividades de Procurement, que uma intervenção desta natureza sempre comporta e que é fundamental para dotar o projeto das melhores e mais eficientes soluções e da igualmente exigente operação de compras e logística que foi necessário montar, com movimentos regulares de entradas e saídas de materiais e equipamento, não só no espaço nacional como internacional, sobretudo com Espanha, para além das melhorias que foi necessário adotar ao nível do layout oficinal e de alguns equipamentos de trabalho.
Ainda no domínio dos aspetos a relevar, e porque se constitui como um fator critico de sucesso nesta tipologia de projetos, sublinhar a aposta clara que a Fertagus fez no Know-how técnico que tem vindo a desenvolver com os seus colaboradores da área da manutenção, sendo o projeto liderado por esta equipa interna que, de forma empenhada e dedicada assumiu esta importante responsabilidade e tem vindo a aportar a este exigente projeto de manutenção, a sua reconhecida capacidade de realização.
Para concluir, e para dar uma perspetiva da dimensão desta Revisão Geral, dizer apenas que, de acordo com o macroplaneamento das atividades, esta R2M considera a intervenção em 21 sistemas e mais de 100 equipamentos, estando estabelecido um tempo médio de imobilização de cada UQE para o efeito, na ordem dos 50 dias, sendo que importa ainda sublinhar que este exercício, tem ainda de ser compatibilizado com as demais atividades de manutenção quotidiana da frota e na consideração de que diariamente, num parque de apenas 18 unidades, 17 são necessárias para a operação comercial.
Pese a complexidade e exigência do projeto e, em particular, as vicissitudes de contexto, nomeadamente económico, cenário que desde março de 2020 tem condicionado o nosso desempenho, temos tentado manter o planeamento inicial, embora com pequenos ajustamentos, e temos conseguido, sobretudo com o esforço e dedicação da equipa afeta a este projeto, dar a resposta que as circunstâncias têm determinado, a cada momento, sendo ainda nossa perspetiva concluir com sucesso esta operação até ao final do corrente ano.
José Carlos Oliveira - Diretor de Operações
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